A maioria das pessoas não entende a diferença entre Evangelho e evangelhos.
Jesus é o
Evangelho Encarnado. Evangelho Eterno. O Cordeiro imolado antes da fundação do
mundo é o Evangelho.
Historicamente
o Evangelho é Jesus em movimento; tudo o que Ele disse e fez; o modo como fez;
o tom do fazer; a linguagem; o espírito; bem como tudo o que a Seu respeito se
testemunhou.
Assim, temos
Jesus, o Evangelho; e, a seguir, temos os quatro evangelhos, que nos dão o
panorama e o espírito do Evangelho, visto que é pela pluralidade deles que se
vê o Quadro Maior, a Arquitetura do Espírito da Revelação Histórica em Jesus, a
qual não foi por nós testemunhada de modo visível e histórico, mas apenas existencial,
pelo testemunho do Espírito Santo e da Palavra em nossos corações.
Então, temos
o Evangelho - Jesus - e temos as quatro narrativas acerca do mesmo Evangelho.
Desse modo,
o Evangelho nos é contado por quatro óticas diferentes: três delas de testemunhas
oculares (Marcos (Pedro), Mateus e João) e uma de um historiador, Lucas, que
declara ter escrito depois de longa e acurada pesquisa dos fatos desde a sua
origem.
Além disso,
não somente temos o Evangelho pela ótica de testemunhas ou de um historiador,
mas também os temos designados para públicos distintos: Marcos para os
primeiros crentes; Mateus para os judeus que criam; Lucas para um mundo maior,
mais greco-romano; e João para um público universal.
Por esta
mesma razão os quatro evangelhos montam seqüências visando esclarecer o
Evangelho para os ouvintes - conforme o público-, de tal modo que alguns
eventos da vida de Jesus estão soltos em um ou dois evangelhos e
contextualizados num outro. Sendo que João não é sutil nesse aspecto. Afinal, ao
“fechar” seu evangelho, ele mesmo declara ter escolhido uma seqüência de sete
milagres e de ensinos que os entremearam de modo próprio e conseqüente, visando
levar as pessoas a crerem que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus; e que assim
crendo, tivessem vida em Seu nome.
Na seqüência
disso temos, por exemplo, Paulo, fazendo alusão ao “seu evangelho”. Mas como?
Afinal, Paulo não escreveu um evangelho!
O que é “o meu evangelho” mencionado por Paulo?
Teria ele escrito o 5º Evangelho?
De modo
nenhum, ainda que pudesse; ou mesmo ainda que consideremos que sendo Lucas seu
discípulo, o 3º evangelho bem poderia ser o evangelho que embasava os conteúdos
das cartas de Paulo aos gentios.
Entretanto,
Paulo, que não escreveu um evangelho, escreveu o Evangelho, e o fez mediante dezenas de
cartas que apenas tratavam do Evangelho sem contar histórias dos evangelhos.
Assim, o
Evangelho é Jesus. E Dele ficamos sabendo pelos evangelhos, os quais nos dão um
Quadro Maior que nos permite ver o Evangelho. Este se fundamenta no Jesus
histórico, mas se expande como espírito para tudo o que, por exemplo, Paulo
escreveu segundo o espírito do Evangelho, pois se as cartas de Paulo não fossem
de acordo com o Evangelho, então de que nos serviriam?
Portanto,
quando ele diz “meu evangelho”, o que ele
está dizendo é que, embora ele não tivesse convivido historicamente com Jesus,
e nem tivesse aprendido o que discerniu em conversas com Pedro, Tiago ou João,
o que ele pregava era conforme Jesus, e, portanto, segundo o espírito da
Palavra, de tal modo que Paulo primeiro teve a experiência existencial para só
depois receber a instrução histórica. Ou seja, ele primeiro recebeu a revelação
e só depois a informação.
Em outras palavras: primeiro Paulo conheceu
o Evangelho, e só depois as histórias dos evangelhos.
Além disso,
por “meu
evangelho”, o apóstolo também queria
significar o APLICATIVO do Evangelho de Jesus ao chamado Mundo Gentílico, ou
Mundo Pagão, ou apenas Mundo.
Assim, ele ousa dizer que vivia o
Evangelho conforme Jesus entre os gentios, de modo que ele ousa de novo dizer
que segui-lo era seguir a quem ele seguia.
O “meu evangelho”, entretanto, também significa o
seguinte para Paulo:
Aquilo que do Evangelho eu digo como
implicação, e que ninguém que sabe tem coragem de propor, mas que eu ensino, e,
por tal razão, pago um alto preço humano; portanto, sendo acusado pelo que
ensino, isso faz com que o que a mim atribuem como erro seja justamente o
diferencial de Evangelho que me distingue, em consciência, das limitações
deles.
Portanto, há
um Evangelho, há quatro narrativas, há dezenas de cartas de Evangelho e há
milhões de implicações do espírito da Verdade que têm que ser aplicadas à vida
do mesmo modo como os escritores dos evangelhos fizeram em relação ao seu
público. Do mesmo modo, isso deve ser feito de acordo com o que Paulo praticou,
posto que conheceu o Evangelho, depois as narrativas, e, então, fez as
aplicações segundo o espírito da Palavra: o Evangelho de nossa salvação: Jesus.
Nele, o Evangelho,